O que é entonação?
Entonação refere-se à precisão da afinação, onde as notas podem soar mais altas ou mais baixas do que o esperado se os artistas não forem bem treinados. A maioria dos estudantes de violino dedica grande parte do esforço à entonação em sua rotina de prática.
Uma entonação ruim pode prejudicar a qualidade do som do instrumento e enfraquecer o efeito harmônico de todo o conjunto. O público se sentirá desconfortável ou menos impressionado com uma performance com entonação ruim.
De acordo com Carl Flesch, famoso pedagogo de violino, a boa entonação consiste em ter bons ouvidos e dedos sensíveis para se adaptar rapidamente em uma fração de segundo à medida que a nota é tocada. Bayla Keyes, professora de violino da Universidade de Boston, disse que a boa entonação é uma realidade acústica e uma espécie de compromisso social, onde as pessoas já estão acostumadas a ouvir certos tipos de som.
Ao conhecer os três sistemas de entonação, entenderemos por que às vezes a nota que mais soa pode não estar no tom certo. Além disso, aprenderemos como a vibração simpática e uma boa técnica da mão esquerda podem nos ajudar a tocar violino com mais precisão.
Os três sistemas de entonação
- Temperamento igual
É assim que um piano é afinado. No sistema de temperamento igual, uma oitava é dividida em doze partes, e cada semitom é "temperado", de modo que eles estão todos à mesma distância. Sempre que o violinista estiver tocando em uma passagem uníssona com o piano, é melhor usar a afinação de temperamento igual.
- Just Intonation (modelado segundo o sistema pitagórico)
Este é um sistema de entonação baseado nas puras sonoridades dos intervalos, como a forma como os violinistas ajustam suas cordas abertas ao intervalo de quintos. Os quintos com melhor som que dão um belo "toque" serão ligeiramente maiores que os quintos encontrados no sistema de temperamento igual.
Os intervalos de terços e sextos criarão um tom de "terceiro", o que os torna um som agradável para os artistas e ouvintes. A entonação justa é usada principalmente em paradas duplas, passagens de acordes e, até certo ponto, na execução de ensemble.
- Entonação expressiva
Este sistema de entonação é adequado para ser usado para repertório solo. As notas agudas são tocadas mais altas e as notas chatas mais baixas, resultando, por exemplo, em G-sharp sendo mais alto que em A-flat. Os semitons geralmente são tocados muito próximos para obter a expressão "máxima". Em uma música em Sol maior, um F-afiado muito alto aumentará a tendência de se resolver para cima em G; portanto, aumenta a tensão e o efeito emocional da música. O mesmo se aplica a um semitom decrescente.
Encontrar vibração simpática
Para os alunos nos estágios iniciais, aprender a tocar em sintonia é principalmente encontrar essa ressonância extra criada pela vibração simpática. Isso acontece quando uma nota com o dedo tem o mesmo nome da letra com uma corda aberta que não está sendo tocada. A corda aberta vibrará quando a nota do mesmo nome da letra for tocada no tom certo, supondo que o violino esteja afinado corretamente. Podemos ver claramente as vibrações da corda aberta na maioria dos casos, mas é muito mais útil poder ouvir ou sentir essa ressonância.
Quando as notas que criarão vibração simpática estiverem afinadas, podemos usá-las como um guia para encontrar as outras notas de várias maneiras. Intervalos como consonâncias perfeitas (quartas, quintas, oitavas), consonâncias imperfeitas (terços, sextos) e semitons são ferramentas muito úteis, mas elas não garantem o tom de melhor som, porque precisamos primeiro entender o papel de cada nota na hierarquia tonal e nos diferentes sistemas de entonação aos quais precisamos nos adaptar em diferentes casos.
Desenvolvendo a técnica da mão esquerda
Além de ter boas audiências, os violinistas dependem muito da memória muscular para obter uma boa entonação.
Nos princípios de tocar e ensinar violino, Ivan Galamian relaciona nossa mão esquerda a pessoas cegas que se orientam por seus caminhos tocando objetos. Ele falou da importância de ter um “contato duplo” na mão esquerda, ou seja, a articulação da base do dedo indicador e do polegar, para sentir a largura variável do pescoço do violino. O contato duplo ocorre entre o polegar e a palma da mão contra o ombro do violino nas posições mais altas. Isso permite que nossa mão esquerda tenha uma noção de qual posição estamos jogando. Esse contato não precisa ser constante, especialmente em passagens expressivas que exigem muito vibrato.
O outro aspecto igualmente importante para uma boa entonação é a estrutura da mão esquerda. Uma boa forma das mãos com a altura adequada dos dedos, um pulso relaxado e um bom nível de braço fornecem uma estrutura na qual nossos dedos podem se identificar com vários padrões de dedos. Praticar escalas duplas em terços ou oitavas treina sua mão esquerda para manter esse quadro em diferentes intervalos e posições. Uma boa forma da mão também permite uma melhor independência dos dedos - a capacidade de um dedo se mover com flexibilidade sem afetar os outros.
"Não existe perfeição. Você estabelece um padrão e depois descobre que nunca é bom o suficiente. Quando eu toco bem uma peça, sempre espero que a toque melhor amanhã". - Jascha Heifetz